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HISTÓRIAS DA VILA DO POVO FELIZ (28) - FAMÍLIA CAETANO DA SILVA


Em um mundo de ansiedades e desafios, onde a tentação de ceder aos caprichos materiais é constante, vamos conhecer a inspiradora história de Louro e Rosinha. Este casal simples, mas incrivelmente forte, enfrentou as adversidades da vida com dignidade e determinação, sem nunca se deixar abater pelas dificuldades que surgiam em seu caminho.

Enquanto muitos sucumbem à pressão da busca pelo sucesso a qualquer custo, Louro e Rosinha optaram por trilhar um caminho de honestidade e simplicidade. Eles eram capazes de superar cada obstáculo com trabalho árduo e bondade no coração, sempre priorizando o bem-estar de sua extensa família.

Mesmo diante das frustrações do dia a dia, eles nunca perderam sua fé na humanidade e na importância da solidariedade. Ele encontrava forças para enfrentar as batalhas cotidianas, garantindo que seus filhos tivessem um futuro promissor e honrado.

O sábio patriarca, com seus fios de prata reluzentes, ao lado de sua amada Rosinha, fundou uma extensa e diversificada linhagem. De Tião a João, de Linda a Vani, de Bino a Carlo, do Vaia ao Miro (perdoem-me se esqueci alguém, mas em minha mente surge um mais velho chamado Caio, mas...), todos se uniam em solidariedade aos pais, enfrentando juntos as adversidades diárias em prol da manutenção da coesão familiar e da busca por uma vida digna, mesmo nas horas mais árduas.

Nossos vizinhos próximos, vivendo em uma modesta casa de madeira sem pintura, com banheiro externo, mas com o assoalho sempre impecavelmente branco como o véu de uma noiva, graças à dedicação diária de Rosinha e as filhas em mantê-lo limpo e brilhante.

Ao lado da casa, tinha um modesto galpão, destinado ao armazenamento de ferramentas e às conversas nos dias chuvosos. Ali, no chão de terra batida, improvisava-se um fogo no chão para assar milho verde e sapecar pinhão.

Recordo-me vividamente das inúmeras vezes em que desfrutei dessas iguarias ao redor da fogueira, principalmente durante o inverno rigoroso. Por um período, o galpão abrigou Ernesto, apelidado de "Consequência", um senhor de simplicidade cativante que encontrou abrigo e solidariedade naquela humilde família.

Mesmo com recursos escassos, eles acolheram o idoso em sua morada. Infelizmente, Ernesto veio a falecer no trágico acidente que vitimou os torcedores do Botafogo Local na Linha Coxilha Negra, episódio narrado por mim nas crônicas sobre as mortes que abalaram a Vila do Povo Feliz.

Uma lembrança que me impactou profundamente foi o momento em que um cão precisou ser sacrificado devido à raiva. Naquela época, a vacinação dos animais era feita anualmente, geralmente na escola, mas nem todos os animais conseguiam ser levados.

Infelizmente, esse cão contraiu o vírus, e a decisão de sacrificá-lo foi tomada devido aos sintomas evidentes e ao risco que representava para a família.

Foi meu pai quem deu o tiro fatal que pôs fim à vida do cão, que estava sob a plataforma onde o idoso costumava descansar.

Aquela cena me entristeceu profundamente, mas naquela época era uma prática comum para lidar com questões de saúde pública.

Hoje, olhamos para trás e percebemos como as mentalidades e práticas evoluíram em relação aos cuidados com os animais de estimação.

Essa família sempre se esforçou para encontrar maneiras de melhorar sua vida, adaptando-se às mudanças e desafios. Com a redução dos rebanhos e migração para as lavouras, começaram a diminuir a construção e reformas de cercas.

Venderam a casa próxima à minha e se mudaram para um local próximo ao cemitério, e posteriormente para Palma Sola. À medida que os filhos saíam de casa e formavam suas próprias famílias em diversas profissões, um deles se destacou como operador de máquinas em uma granja local. Mais tarde, tivemos o privilégio de tê-lo trabalhando conosco como motorista.

Ele era uma pessoa especial, trabalhadora e gentil, que também participava comigo e minha irmã da Invernada Artística do CTG. Sua história foi contada nas Festas da Vila do Povo Feliz.

No entanto, com a crise econômica na vila, ele buscou oportunidades em outros lugares. Infelizmente, mesmo jovem, foi atingido pela Leucemia e faleceu.

Era um grande amigo, e hoje rezo por ele com frequência. Mesmo na simplicidade, ele conquistou amizades, admiração e respeito por sua forma respeitosa de viver e servir aos outros.

Um dos filhos mais jovens conquistou um feito notável ao servir o Exército em Francisco Beltrão. Este jovem brilhante e cheio de vida logo se destacou entre seus colegas, sendo honrado e respeitado por sua dedicação.

No entanto, em uma trágica reviravolta, ele foi mortalmente esfaqueado ao sair com seus irmãos para um bar.

Sua morte chocou a comunidade onde vivia e trabalhava, pois era um jovem com um futuro promissor pela frente.

A morte prematura é um enigma do destino que nos deixa perplexos. A brutalidade e o sofrimento causados por esse acontecimento não podem ser ignorados. Às vezes, a verdadeira coragem está em saber quando buscar alternativas e os jovens, devido à sua imaturidade, nem sempre conseguem compreender isso.

Que a lembrança dessa tragédia nos sirva de inspiração para valorizarmos a vida acima de tudo, priorizando a nossa própria existência em detrimento da honra e da bravura.

Revisitar as memórias dessa família evoca imagens vívidas da matriarca com sua saia rodada estampada e suas roupas vibrantes, mesmo enquanto enfrentava uma doença implacável que a levou.

O patriarca, por sua vez, voltou a Palma Sola e, em seus últimos dias, partiu deixando um legado para seus descendentes.

Um dos filhos, seguindo os passos do pai como construtor, retornou ao já Município contribuiu com seu valoroso trabalho ao reconstruir o alambrado do campo de futebol local.

Atualmente, o meu único elo é com a minha filha mais nova, que sempre interage com os posts da Vila do Povo Feliz. Vejo que ela está bem, vivendo em uma cidade do Rio Grande do Sul.

Imagino que seus irmãos estejam espalhados pelo Brasil, seguindo os ensinamentos e valores que seus pais, lhes transmitiram. Após a partida dos pilares, cabe a nós dar continuidade ao legado que nos foi deixado, tanto pela vida em si quanto pelas tradições e ensinamentos que carregamos.

Com certeza, eles ainda anseiam pelas iguarias que tornaram as refeições em família inesquecíveis: a canjica feita com todo cuidado no pilão, onde o milho era triturado entre cinzas pela matriarca; o biju acompanhado de um copo de leite fresco; a carne de porco cozida e frita até a crocância perfeita; o risoto de galinha caipira, que trazia lembranças de um sabor único; o café passado lentamente no fogão a lenha; e, é claro, o chimarrão que era compartilhado sem cessar ao longo do dia.

Espero que, apesar das adversidades da vida, esses seres iluminados sigam cultivando e valorizando essas memórias que os unem, pois elas são parte fundamental da nossa história e identidade.

Apesar dos desafios enfrentados, essa família guardou lembranças preciosas nas pequenas coisas, onde o amor e as bênçãos dos pais eram mais valorizados do que qualquer bem material.

Não se deixavam abater pelas dificuldades, pois sabiam que a verdadeira riqueza estava no amor e na generosidade para com o próximo.

Às vezes, podemos pensar que a falta de recursos nos torna inferiores aos outros, mas essa é uma visão limitada e egoísta.

A verdadeira essência da vida está em como amamos e cuidamos uns dos outros, como essa família que, mesmo com poucos recursos, abria as portas de casa para acolher os que passavam, repartindo o pouco que tinham com generosidade.

Apesar de não terem grande influência social ou religiosa, eles tinham suas próprias crenças e orações que os guiavam no caminho da simplicidade e humildade, tal como o mestre que ensinava a importância de ajudar os mais necessitados sem esperar nada em troca.

Não se deixavam corromper pelos apelos do poder e dos interesses mesquinhos, lembrando sempre das lições de amor e compaixão.

Ao resistir às tentações materiais, abrimos espaço para a espiritualidade florescer. A mente que se apega ao superficial precisa evoluir para compreender que temos o poder de escolha neste mundo, não é Deus quem determina nosso destino, somos nós que moldamos nossa própria realidade.

Sou imensamente grato à família Caetano da Silva, cujos exemplos simples e amáveis me fizeram crescer como ser humano.

Aprendi que é na humildade e na solidariedade com os menos favorecidos que encontramos o verdadeiro valor da vida.

Devemos adaptar tradições e valores aos tempos atuais, sempre respeitando opiniões divergentes, pois a cegueira da concordância nos torna seguidores cegos e nos prende ao passado.


Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/

 

3 comentários

댓글 3개

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게스트
2024년 3월 28일
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Infelizmente não tenho lembranças dos meus avós,tios e primos .

Meus sentimentos afastou e por consequências toda essa distância

Mas aqui já dá pra saber o quanto eram especiais .

Obrigada

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게스트
2024년 3월 28일
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Que palavras lindas 🥹😭

Me levou a conhecer a família do meu pai, nunca tivemos contato e meu pai nunca falou muito!!!!

Mas pude ver e sentir tudo que descreveu ❤️ obrigada 🙏

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Olá meu anjo! Fico Feliz em poder ter ajudado a conhecer a linda história de superação, dessa amada família que tive o privilégio de conviver, onde o amor a solidariedade e simplicidade reinado, algo que o mundo hoje deveria experimentar, para sair das cegueiras do consumismo e das ideologias... Viva sempre o amor e o perdão. Fique com Deus...

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