
Quais serão os desafios que os professores enfrentarão no futuro? Em tempos passados, éramos peças fundamentais na formação dos indivíduos e na construção das relações sociais, ao lado das religiões que guiavam a humanidade com uma visão iluminada, embora já não de maneira divina, mas em diálogo com a ciência.
O confronto entre razão e livre arbítrio nos ajudava a entender nossos caminhos. Contudo, na era da tecnologia, fomos perdendo espaço e influência, em parte devido a nossas próprias atitudes.
O protagonismo requer movimento e presença ativa, seja na escola, seja na sociedade. Muitas vezes, nosso cansaço e foco em nossos interesses nos afastam dos alunos, suas famílias e da realidade que nos cerca.
Todos os profissionais enfrentam essa dinâmica de busca pelo próprio sucesso, o que é legítimo, mas é preciso olharmos para os indivíduos, buscando maneiras de incluí-los no conhecimento e prepará-los para o mundo em que vivem.
É imprescindível promover diversas visões e dar liberdade para que as pessoas façam suas escolhas, sem impor pensamentos pré-concebidos.
No contexto atual da educação, onde a valorização dos professores parece estar em declínio, exceto em países como o Japão e alguns outros que ainda honram a importância dos educadores, nossa "missão" - palavra que muitos educadores não gostam de usar - está se enfraquecendo devido à falta de colaboração e de ações concretas e educativas.
Quantos livros estamos lendo e que exemplos estamos transmitindo aos nossos alunos? É algo para se refletir!
Por outro lado, os governantes, guiados por algoritmos e dados de pesquisas, perceberam que a sociedade diz valorizar a educação, mas basta parar três dias para reivindicar nossos direitos e ver o que acontece.
Quando os pais se veem confrontados com dilemas como a falta de tempo para seus filhos e onde deixá-los, a abordagem neoliberal dos governantes se faz presente, exercendo pressão e causando preocupação, especialmente em relação às questões financeiras.
Diante de uma sociedade cada vez mais fragmentada e com sindicatos fragilizados por alianças políticas duvidosas, as elites corporativas continuam a exercer seu poder de forma intocável, enquanto os educadores se veem em uma batalha árdua por salários defasados e desvalorizados.
A isonomia se torna apenas um detalhe legal, escondendo as verdadeiras intenções dos mais privilegiados, que manipulam os bastidores de acordo com seus interesses. A luta dos educadores é árdua, mas é preciso resistir e buscar alternativas inteligentes para romper com esse ciclo de injustiça.
Neste contexto, é evidente a dualidade de abordagens: de um lado, a necessidade premente de aprimorar a qualidade do ensino para alcançar as metas definidas pelo governo (IDEB) e evidenciar os avanços conquistados.
Por outro lado, há uma tendência de enxergar a educação e os educadores de forma negativa, utilizando avaliações internacionais como o Pisa para distorcer a realidade e atribuir injustamente a responsabilidade pelo fracasso do sistema educacional aos profissionais da área.
Essa situação nos impulsiona em direção à terceirização das escolas, à militarização e ao uso futuro de professores virtuais, nos relegando à margem e nos encaminhando inevitavelmente para a extinção. Infelizmente, essa realidade é inegável.
Ao ampliar nossa leitura de mundo e nos aprofundarmos em obras literárias como "Homo Deus" de Harari, percebemos que não se trata de um apocalipse, mas sim de um "eclipse" real, que gradualmente nos priva de nosso brilho e nos conduz em direção à substituição por professores virtuais.
Com a revolução da inteligência artificial na educação, o nosso novo papel será o de curadores dos ambientes virtuais de aprendizagem. Os pais da atualidade são mais ligados na área tecnológica, buscando garantir a excelência educacional para seus filhos. Em meio a essa transformação, a preocupação com a humanidade e a proximidade no diálogo podem ficar em segundo plano.
Na era da constante evolução, em que tudo acontece em um piscar de olhos, o tempo para contemplação e análise foi tomado pelos algoritmos. Enquanto lidamos com os avanços da tecnologia, somos desafiados a compreender e lidar com nossos próprios sentimentos e emoções - algo que a inteligência artificial ainda não pode entender completamente.
No entanto, essas poderosas ferramentas conhecem mais sobre nós do que imaginamos, captando informações a cada clique para personalizar interações de forma precisa. Isso possibilitará a elaboração de planos de aula individuais para cada aluno, sem estresse, com um custo inicial elevado, mas que se dilui ao longo do tempo. Adeus licenças médicas, greves e semanas pedagógicas intermináveis.
Temos o poder de mudar o curso dos acontecimentos e não podemos nos permitir ficar inertes ou nos fazer de vítimas. Mesmo que pareçamos ingênuos, essa é a tática daqueles que nos manipulam para continuarem desfrutando de privilégios enquanto nós sofremos as consequências.
Para “eles” não será necessário aguardar por um lugar na Arca de “Noé” Tecnológica, pois já asseguraram os seus assentos, graças ao nosso trabalho árduo e impostos que contribuímos.
A responsabilidade agora é nossa, simples mortais, em confiar que a escolha será feita com base em valores humanos como amor, empatia e respeito. É hora de agirmos com sagacidade e confiança.
Um Sonhador Caminhando com Francisco - Escritor do blog https://www.caminhandocomfrancisco.com/
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